crime scene
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:: Creatividade
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crime scene
Nova shot *-*
Devo dizer que estou a gostar dela.
Vai ser dividida em duas partes, e depois, the end.
Espero que gostem e please comentem.
Um pequeno lençol de água viscosa, de cor avermelhada, rodeava um corpo masculino inanimado, jazido no chão, sem qualquer sinal de vida no seu interior.
Caroline podia jurar que via, transparente e translúcida, a alma do rapaz sair do seu corpo em direcção ao céu estrelado. Deu por si a rezar para que a mesma fosse para o céu e o seu corpo descansasse em paz.
A brisa fria trespassava os leves casacos que todos traziam em seu corpo, fazendo com que um arrepio percorresse a sua espinha, incluindo a de Caroline.
A rapariga percorreu o imenso espaço onde se encontrava com os olhos, tomando atenção ao mais infimo pormenor.
Vários homens, uns de fato outros apenas com uma vestimenta casual e um casaco para os aquecer naquela noite fria de Inverno, circulavam á sua volta, bem como á volta do corpo. Nos seus casacos brilhavam os distintivos dourados que traziam.
Caroline encontrava-se na chamada "cena do crime", onde estava rodeada por uma fita aparela, pouco grossa, onde se podia ler, a letras garrafais e a negrito, "do not cross".
Ao olhar tudo isso, e ao olhar uma vez mais para o corpo do jovem que se encontrava junto a si, Caroline perdeu o ar que circulava nos seus pulmões. Só nesse momento se apercebera que tudo aquilo não era apenas mais um dos seus pesadelos, tal como desejara inúmeras vezes que fosse, desde que tinha acontecido o desastre.
Um dos homens, vestido com um fato preto e uma gravata azul escura, combinando com a sua camisa branca, aproximou-se lentamente da rapariga, cujos olhos brotavam grossas e sentidas lágrimas, escorrendo depois por todo o seu pálido rosto.
- Menina Van Outen? Posso trocar umas palavrinhas consigo? - Questionou. Caroline encarou os olhos cor-de-chocolate do homem, pela primeira vez. - Prometo não tomar muito do seu tempo.
- Com certeza, Agente Brady. - falou, acabando por ler o nome do oficial da polícia no seu distintivo.
Mark Brady sorriu ligeiramente á rapariga, sentando-se junto a si, de modo a ganhar a sua confiança. Tinha uma irmã da sua idade e sabia o quão sensiveis eram as raparigas nos seus vinte anos.
Não que Mark fosse muito mais velho, porque não o era. Apenas tinha vinte e oito anos, embora de aspecto não o parecesse. Era elegante, os seus abdominais eram definidos, os seus olhos brilhavam constantemente, demonstrando a quem quisesse ver, a alegria que sempre trazia consigo. Os seus cabelos continuavam cor de mel, sem uma única branca para estragar o contraste. Ele era, sem dúvida, o tipo de homem que todas ambicionavam.
Retirou do seu corpo o casaco Hugo Boss, que fazia conjunto com as suas calças perfeitamente engomadas, e colocou-o por cima dos ombros de Caroline, reparando que a morena tremia freneticamente. Caroline apenas sorriu respeitosamente, limpando o rasto de lágrimas que ainda se encontrava na sua face.
- Sei que o assunto é bastante delicado, menina Van Outen... - Começou, retirando do seu bolso o bloco de notas e a caneta preta que trazia sempre consigo, para anotar todas as informações úteis que a rapariga pudesse ter para ele. - Mas preciso saber, precisamente, o que se passou esta noite.
Caroline já sabia que era isso que eles pretendiam. Sabia que teria de contar exactamente tudo o que tinha visto, ouvido, provavelmente até cheirado. Todo o tipo de detalhe poderia ser útil a apanhar o sacana que tinha acabado com a vida do pobre rapaz.
Rapaz esse que Caroline conhecia melhor que ninguém á face da Terra.
- Compreendo. Mas, por favor, pode chamar-me apenas Caroline. - sorriu delicadamente. Mark sorriu ao ver que tinha, como pretendia inicialmente, ganho a confiança da rapariga.
- Certo, Caroline... - sorriu de volta. - Podes contar-me exactamente o que aconteceu?
Devo dizer que estou a gostar dela.
Vai ser dividida em duas partes, e depois, the end.
Espero que gostem e please comentem.
Um pequeno lençol de água viscosa, de cor avermelhada, rodeava um corpo masculino inanimado, jazido no chão, sem qualquer sinal de vida no seu interior.
Caroline podia jurar que via, transparente e translúcida, a alma do rapaz sair do seu corpo em direcção ao céu estrelado. Deu por si a rezar para que a mesma fosse para o céu e o seu corpo descansasse em paz.
A brisa fria trespassava os leves casacos que todos traziam em seu corpo, fazendo com que um arrepio percorresse a sua espinha, incluindo a de Caroline.
A rapariga percorreu o imenso espaço onde se encontrava com os olhos, tomando atenção ao mais infimo pormenor.
Vários homens, uns de fato outros apenas com uma vestimenta casual e um casaco para os aquecer naquela noite fria de Inverno, circulavam á sua volta, bem como á volta do corpo. Nos seus casacos brilhavam os distintivos dourados que traziam.
Caroline encontrava-se na chamada "cena do crime", onde estava rodeada por uma fita aparela, pouco grossa, onde se podia ler, a letras garrafais e a negrito, "do not cross".
Ao olhar tudo isso, e ao olhar uma vez mais para o corpo do jovem que se encontrava junto a si, Caroline perdeu o ar que circulava nos seus pulmões. Só nesse momento se apercebera que tudo aquilo não era apenas mais um dos seus pesadelos, tal como desejara inúmeras vezes que fosse, desde que tinha acontecido o desastre.
Um dos homens, vestido com um fato preto e uma gravata azul escura, combinando com a sua camisa branca, aproximou-se lentamente da rapariga, cujos olhos brotavam grossas e sentidas lágrimas, escorrendo depois por todo o seu pálido rosto.
- Menina Van Outen? Posso trocar umas palavrinhas consigo? - Questionou. Caroline encarou os olhos cor-de-chocolate do homem, pela primeira vez. - Prometo não tomar muito do seu tempo.
- Com certeza, Agente Brady. - falou, acabando por ler o nome do oficial da polícia no seu distintivo.
Mark Brady sorriu ligeiramente á rapariga, sentando-se junto a si, de modo a ganhar a sua confiança. Tinha uma irmã da sua idade e sabia o quão sensiveis eram as raparigas nos seus vinte anos.
Não que Mark fosse muito mais velho, porque não o era. Apenas tinha vinte e oito anos, embora de aspecto não o parecesse. Era elegante, os seus abdominais eram definidos, os seus olhos brilhavam constantemente, demonstrando a quem quisesse ver, a alegria que sempre trazia consigo. Os seus cabelos continuavam cor de mel, sem uma única branca para estragar o contraste. Ele era, sem dúvida, o tipo de homem que todas ambicionavam.
Retirou do seu corpo o casaco Hugo Boss, que fazia conjunto com as suas calças perfeitamente engomadas, e colocou-o por cima dos ombros de Caroline, reparando que a morena tremia freneticamente. Caroline apenas sorriu respeitosamente, limpando o rasto de lágrimas que ainda se encontrava na sua face.
- Sei que o assunto é bastante delicado, menina Van Outen... - Começou, retirando do seu bolso o bloco de notas e a caneta preta que trazia sempre consigo, para anotar todas as informações úteis que a rapariga pudesse ter para ele. - Mas preciso saber, precisamente, o que se passou esta noite.
Caroline já sabia que era isso que eles pretendiam. Sabia que teria de contar exactamente tudo o que tinha visto, ouvido, provavelmente até cheirado. Todo o tipo de detalhe poderia ser útil a apanhar o sacana que tinha acabado com a vida do pobre rapaz.
Rapaz esse que Caroline conhecia melhor que ninguém á face da Terra.
- Compreendo. Mas, por favor, pode chamar-me apenas Caroline. - sorriu delicadamente. Mark sorriu ao ver que tinha, como pretendia inicialmente, ganho a confiança da rapariga.
- Certo, Caroline... - sorriu de volta. - Podes contar-me exactamente o que aconteceu?
caroline;- Mensagens : 27
Data de inscrição : 27/06/2010
Re: crime scene
Estou a adorar o: Tanto mistériooooo +.+
Estou a tentar imaginar o que se passou... Isto é, enquanto não postares o resto x)
Fico à espera (:
Estou a tentar imaginar o que se passou... Isto é, enquanto não postares o resto x)
Fico à espera (:
Kimchi- Mensagens : 27
Data de inscrição : 21/07/2010
Idade : 29
Re: crime scene
Está muito bom Carolina, sempe adorei mistérios
Pra quando a fanfic?
Pra quando a fanfic?
Chtc- Mensagens : 60
Data de inscrição : 24/06/2010
Idade : 28
Localização : Algures pelo centro do país
Re: crime scene
Eu já estou a imaginar a história e espero que não seja quem eu estou a pensar : o
Mas vá, continuaaaaaaaaa, estou em pulgas para saber o resto : D
P.S.: Música dos TH? Fica perfeita aqui @
Mas vá, continuaaaaaaaaa, estou em pulgas para saber o resto : D
P.S.: Música dos TH? Fica perfeita aqui @
Catarina M.- Mensagens : 24
Data de inscrição : 09/08/2010
Re: crime scene
última parte (:
A rapariga suspirou pesadamente.
- Estava escuro... Foi tudo tão... rápido. - falou num sussurro, encarando o horizonte á sua frente.
*flashback*
O relógio marcava a meia noite. Caroline ainda não tinha retornado a casa. Era a segunda vez que tal acontecimento sucedia naquela casa, naquele relacionamento.
David encontrava-se sentado na sua poltrona preta. Observava o inútil jogo de futebol que passava na televisão, sem qualquer interesse, enquanto uma mão agarrava a sua lata de cerveja gelada. De vez em quando desviava o seu olhar em direcção ao relógio. Faziam duas horas desde que a sua namorada tinha saído sem lhe dar conhecimento do seu paradeiro ou do tempo que demoraria.
Pegou cuidadosamente na fotografia á sua frente, onde ambos estavam sorridentes e juntos. Ao fazê-lo, uma onda de preocupação e saudade inundou o seu corpo, seguido de um arrepio.
Levantou-se de um salto e saiu porta fora, agarrando as suas chaves e casaco preto de cabedal antes de fechar a mesma.
Abriu a porta do seu Porsche cinzento e entrou, ligando o moto e acelerando o máximo que a pressão lhe permitia.
Cada rua que passava tentava encontrar a sua namorada. O seu café preferido, a sua loja predilecta, a livraria onde passava horas a fio entretida. Nada. Não existiam vestígios alguns da sua amada em qualquer lugar.
Estava agora a passar pelo local mais perigoso da cidade. Local esse onde nunca se atrevera a passar antes. As ruas estavam quase desertas, os bares eram imundos, as mulheres, a maior parte prostitutas, eram promíscuas e duvidosas.
Vários grupos, "gangues" como se auto-intitulavam, escondiam-se em becos e locais escuros para cometer todos os crimes que queriam.
Foi aí, junto ao bar mais perigoso e nojento de toda a avenida, que David encontrou Caroline
Parou repentinamente o carro, originando um som irritante de travões a fundo e um cheiro a borracha queimada pairar no ar, já por si contaminado.
Saiu, levando pela fúria e preocupação e encarou a sua amada a sair do bordel mais famoso da cidade, acompanhada por um homem, que lhe agarrava o braço fortemente. A pobre rapariga tremia enquanto lágrimas frias brotavam dos seus verdes olhos. A vergonha, essa, estava estampada no seu pálido rosto.
- Caroline! - gritou correndo para junto dela enquanto mandava olhares furiosos a Hugh, que se encontrava ao seu lado com o seu ar perverso.
- D..David? - o choque apanhou-a como se fosse um relâmpago numa noite tempestuosa.
- O que estás a fazer com ele? O que se passa aqui? Andas a trai-me, é isso?
O loiro estava totalmente desnorteado, fora de si mesmo. Não conseguia desvendar a razão que levaria a sua namorada a encontrar-se ali, em tão sombrio local.
Os olhos da morena brilhavam. Um lençol de água cobria os mesmo plenamente, deturbado a sua visão. Tudo aquilo que sempre tentara encobrir de David, tinha sido desvendado.
'Porque tinhas de ter vindo?' , questionava-se interiormente.
Os seus olhares não se desgrudavam por nada neste mundo. O rapaz olhava profundamente, tentando perceber o porquê de tudo aquilo num simples olhar, enquanto Caroline olhava, tentando demonstrar o arrependimento que a assombrava agora.
Enquanto via toda aquela cena, Hugh não conseguia evitar o ataque de riso que se soltou do seu interior.
Para ele, toda aquela cena era simplesmente patética. O amor era um sentimento medíocre que as pessoas sempre haviam subestimavam.
- Oh, que beleza. - voltou a soltar uma gargalhada. - Não, a sério, é mesmo lindo. Caroline, meu anjo, amanhã á mesma hora.
Dito isto, deu uma palmanda ao de leve no rabo dela, fazendo-a dar um pequeno salto e acenar com a cabeça, embora não o quisesse fazer.
- Não! - a voz máscula de David fez-se ouvir na rua escura. - Ela não vai a lado nenhum, muito menos contigo. Caroline, deves-me uma explicação agora!
O desespero começava a tomar conta do rapaz. As palmas das suas mãos estavam repletas de gotículas pequenas de suor gelado. Sempre que se enervava tinha suores frios.
- Eu conto. - antecipou-se Caroline, ao ver a cara de gozo de Hugh, que se preparava para contar "a sua versão".
- Estou á espera. - David nunca era tão frio com ela. Mas sabia que se o fosse naquela altura, ela falaria. E ele poderia ajudar.
Caroline respirou fundo e olhou o loiro.
- Eu devo algumas... algum dinheiro ao Hugh. Quando cá cheguei não tinha absolutamente nada. Não conseguia pagar uma casa ou quarto, comida, nada. Por isso, comecei a trabalhar como uma... - a voz falhou-lhe. Era das coisas que mais se envergonhava ter feito até hoje.
- Prostituta? - David interrompeu os seus pensamentos.
- Sim. Ele encontrou-me e emprestou-me dinheiro. Deu-me o essencial. E eu prometi que um dia lhe pagaria tudo.
- Eu não quero dinheiro. - falou, adorando ver o espectáculo de sofrimento que ali decorria.
- Continuando... Eu á um mês consegui o dinheiro e vim ter com ele. Mas ele queria o pagamento noutro tipo de "serviço", e eu não tive qualquer escolha. Arrependo-me a cada segundo daquilo que fiz, do que estou a fazer. E, acima de tudo, de te ter mentido e feito sofrer. - o choro compulsivo de Caroline perturbara toda a sua explicação. Não existiam palavras para descrever o que sentia naquele momento, pensava a morena, enquanto encarava os olhos cristalinos de David.
- Devias ter-me pedido ajuda.
Sempre a faziam sonhar, devido á semelhança dos mesmos com o oceano.
Mas, naquela noite, o seu olhar não transmitia uma imagem marítima, mas sim o sofrimento pelo qual o loiro estava a passar.
Era como se o seu coração fosse um pedaço vidro que havia caído no chão e quebrado em mil pedaços.
- Não te queria colocar em perigo.
David olhou para Hugh, que ainda sorria, trocista, ao ver toda aquela situação.
E, subitamente, uma onda de fúria percorreu todo o seu corpo, tornando a sua cara vermelha e os seus olhos pretos de raiva. Parecia ter sido atingido por um relâmpago.
- Seu grande filho da mãe! - berrou, tomando impulso com o seu braço e socando o homem que se encontrava junto á sua namorada.
Num piscar de olhos, começou uma luta sangrenta. Hugh sangrava do lábio e David tinha já um olho de cor arroxeada.
- Por favor, parem! - os gritos desesperados de Caroline ecoavam pela rua inabitada.
Mas nenhum dos dois parecia dar importância á voz da morena.
David tinha ganho terreno, encontrando-se em cima de Hugh. Caroline olhava para o rapaz que se situava por baixo do corpo do namorado e viu o mesmo pegar na arma escondida no seu corpo, rodopiar ficando ele por cima, e dar um tiro no peito de David.
- Não! - Caroline gritou, com toda a força que conseguia, com todo o ar dos seus pulmões, com toda a dor que sentia.
Hugh viu uma poça de sangue formar-se por baixo do corpo de David e, levantando-se desajeitadamente, correu rua fora. Caroline não o quis apanhar.
Ajoelhou-se junto ao corpo de David e pegou-lhe na mão. As lágrimas caíam em cima do ferimento do seu namorado.
- Perdoa-me... - suplicou entre soluços.
- Amo-te.
Dito isto, a mão que apertava a de Caroline começou a perder a força, e os olhos do loiro fecharam-se lentamente. Um últimos suspiro soltou-se da boca de David.
Agora, não mais jazia o corpo do seu amado, mas sim um cadáver sem vida e sem alma.
*end of flashback*
A rapariga encontrava-se agora a chorar compulsivamente. Tudo, na sua cabeça, parecia estar a decorrer de novo e ela não poderia fazer nada para mudar isso.
- Lamento imenso, Caroline. - Mark sentia-se comovido com a dor da rapariga. Com toda a vida que tinha sido obrigada a levar.
- Posso ir? - Apenas queria chegar a casa e chorar no ombro de sua irmã, Anne. Ela saberia o que fazer, ela saberia como a acalmar.
- Claro. Obrigada. - Agente Brady sorriu-lhe, tentando manter o seu ar profissional de sempre. Mas aquela história tinha-o tocado profundamente.
Caroline levantou-se, encarando ainda o corpo já coberto por um plástico azul, do seu namorado.
- Perdoa-me, David.
Rodopiou nos seus próprios pés e começou a caminhar até casa. Agora, teria de continuar a lutar para sobreviver, teria de continuar a levantar-se todas as manhãs.
Teria uma razão para o fazer. Iria fazê-lo pelo amor que nutria por David, iria fazê-lo para tornar a sua memória imortal. Conseguiria ser uma melhor pessoa.
Continuou o seu caminho, a passos curtos, em direcção á Lua. Lá, ele estaria á sua espera.
A rapariga suspirou pesadamente.
- Estava escuro... Foi tudo tão... rápido. - falou num sussurro, encarando o horizonte á sua frente.
*flashback*
O relógio marcava a meia noite. Caroline ainda não tinha retornado a casa. Era a segunda vez que tal acontecimento sucedia naquela casa, naquele relacionamento.
David encontrava-se sentado na sua poltrona preta. Observava o inútil jogo de futebol que passava na televisão, sem qualquer interesse, enquanto uma mão agarrava a sua lata de cerveja gelada. De vez em quando desviava o seu olhar em direcção ao relógio. Faziam duas horas desde que a sua namorada tinha saído sem lhe dar conhecimento do seu paradeiro ou do tempo que demoraria.
Pegou cuidadosamente na fotografia á sua frente, onde ambos estavam sorridentes e juntos. Ao fazê-lo, uma onda de preocupação e saudade inundou o seu corpo, seguido de um arrepio.
Levantou-se de um salto e saiu porta fora, agarrando as suas chaves e casaco preto de cabedal antes de fechar a mesma.
Abriu a porta do seu Porsche cinzento e entrou, ligando o moto e acelerando o máximo que a pressão lhe permitia.
Cada rua que passava tentava encontrar a sua namorada. O seu café preferido, a sua loja predilecta, a livraria onde passava horas a fio entretida. Nada. Não existiam vestígios alguns da sua amada em qualquer lugar.
Estava agora a passar pelo local mais perigoso da cidade. Local esse onde nunca se atrevera a passar antes. As ruas estavam quase desertas, os bares eram imundos, as mulheres, a maior parte prostitutas, eram promíscuas e duvidosas.
Vários grupos, "gangues" como se auto-intitulavam, escondiam-se em becos e locais escuros para cometer todos os crimes que queriam.
Foi aí, junto ao bar mais perigoso e nojento de toda a avenida, que David encontrou Caroline
Parou repentinamente o carro, originando um som irritante de travões a fundo e um cheiro a borracha queimada pairar no ar, já por si contaminado.
Saiu, levando pela fúria e preocupação e encarou a sua amada a sair do bordel mais famoso da cidade, acompanhada por um homem, que lhe agarrava o braço fortemente. A pobre rapariga tremia enquanto lágrimas frias brotavam dos seus verdes olhos. A vergonha, essa, estava estampada no seu pálido rosto.
- Caroline! - gritou correndo para junto dela enquanto mandava olhares furiosos a Hugh, que se encontrava ao seu lado com o seu ar perverso.
- D..David? - o choque apanhou-a como se fosse um relâmpago numa noite tempestuosa.
- O que estás a fazer com ele? O que se passa aqui? Andas a trai-me, é isso?
O loiro estava totalmente desnorteado, fora de si mesmo. Não conseguia desvendar a razão que levaria a sua namorada a encontrar-se ali, em tão sombrio local.
Os olhos da morena brilhavam. Um lençol de água cobria os mesmo plenamente, deturbado a sua visão. Tudo aquilo que sempre tentara encobrir de David, tinha sido desvendado.
'Porque tinhas de ter vindo?' , questionava-se interiormente.
Os seus olhares não se desgrudavam por nada neste mundo. O rapaz olhava profundamente, tentando perceber o porquê de tudo aquilo num simples olhar, enquanto Caroline olhava, tentando demonstrar o arrependimento que a assombrava agora.
Enquanto via toda aquela cena, Hugh não conseguia evitar o ataque de riso que se soltou do seu interior.
Para ele, toda aquela cena era simplesmente patética. O amor era um sentimento medíocre que as pessoas sempre haviam subestimavam.
- Oh, que beleza. - voltou a soltar uma gargalhada. - Não, a sério, é mesmo lindo. Caroline, meu anjo, amanhã á mesma hora.
Dito isto, deu uma palmanda ao de leve no rabo dela, fazendo-a dar um pequeno salto e acenar com a cabeça, embora não o quisesse fazer.
- Não! - a voz máscula de David fez-se ouvir na rua escura. - Ela não vai a lado nenhum, muito menos contigo. Caroline, deves-me uma explicação agora!
O desespero começava a tomar conta do rapaz. As palmas das suas mãos estavam repletas de gotículas pequenas de suor gelado. Sempre que se enervava tinha suores frios.
- Eu conto. - antecipou-se Caroline, ao ver a cara de gozo de Hugh, que se preparava para contar "a sua versão".
- Estou á espera. - David nunca era tão frio com ela. Mas sabia que se o fosse naquela altura, ela falaria. E ele poderia ajudar.
Caroline respirou fundo e olhou o loiro.
- Eu devo algumas... algum dinheiro ao Hugh. Quando cá cheguei não tinha absolutamente nada. Não conseguia pagar uma casa ou quarto, comida, nada. Por isso, comecei a trabalhar como uma... - a voz falhou-lhe. Era das coisas que mais se envergonhava ter feito até hoje.
- Prostituta? - David interrompeu os seus pensamentos.
- Sim. Ele encontrou-me e emprestou-me dinheiro. Deu-me o essencial. E eu prometi que um dia lhe pagaria tudo.
- Eu não quero dinheiro. - falou, adorando ver o espectáculo de sofrimento que ali decorria.
- Continuando... Eu á um mês consegui o dinheiro e vim ter com ele. Mas ele queria o pagamento noutro tipo de "serviço", e eu não tive qualquer escolha. Arrependo-me a cada segundo daquilo que fiz, do que estou a fazer. E, acima de tudo, de te ter mentido e feito sofrer. - o choro compulsivo de Caroline perturbara toda a sua explicação. Não existiam palavras para descrever o que sentia naquele momento, pensava a morena, enquanto encarava os olhos cristalinos de David.
- Devias ter-me pedido ajuda.
Sempre a faziam sonhar, devido á semelhança dos mesmos com o oceano.
Mas, naquela noite, o seu olhar não transmitia uma imagem marítima, mas sim o sofrimento pelo qual o loiro estava a passar.
Era como se o seu coração fosse um pedaço vidro que havia caído no chão e quebrado em mil pedaços.
- Não te queria colocar em perigo.
David olhou para Hugh, que ainda sorria, trocista, ao ver toda aquela situação.
E, subitamente, uma onda de fúria percorreu todo o seu corpo, tornando a sua cara vermelha e os seus olhos pretos de raiva. Parecia ter sido atingido por um relâmpago.
- Seu grande filho da mãe! - berrou, tomando impulso com o seu braço e socando o homem que se encontrava junto á sua namorada.
Num piscar de olhos, começou uma luta sangrenta. Hugh sangrava do lábio e David tinha já um olho de cor arroxeada.
- Por favor, parem! - os gritos desesperados de Caroline ecoavam pela rua inabitada.
Mas nenhum dos dois parecia dar importância á voz da morena.
David tinha ganho terreno, encontrando-se em cima de Hugh. Caroline olhava para o rapaz que se situava por baixo do corpo do namorado e viu o mesmo pegar na arma escondida no seu corpo, rodopiar ficando ele por cima, e dar um tiro no peito de David.
- Não! - Caroline gritou, com toda a força que conseguia, com todo o ar dos seus pulmões, com toda a dor que sentia.
Hugh viu uma poça de sangue formar-se por baixo do corpo de David e, levantando-se desajeitadamente, correu rua fora. Caroline não o quis apanhar.
Ajoelhou-se junto ao corpo de David e pegou-lhe na mão. As lágrimas caíam em cima do ferimento do seu namorado.
- Perdoa-me... - suplicou entre soluços.
- Amo-te.
Dito isto, a mão que apertava a de Caroline começou a perder a força, e os olhos do loiro fecharam-se lentamente. Um últimos suspiro soltou-se da boca de David.
Agora, não mais jazia o corpo do seu amado, mas sim um cadáver sem vida e sem alma.
*end of flashback*
A rapariga encontrava-se agora a chorar compulsivamente. Tudo, na sua cabeça, parecia estar a decorrer de novo e ela não poderia fazer nada para mudar isso.
- Lamento imenso, Caroline. - Mark sentia-se comovido com a dor da rapariga. Com toda a vida que tinha sido obrigada a levar.
- Posso ir? - Apenas queria chegar a casa e chorar no ombro de sua irmã, Anne. Ela saberia o que fazer, ela saberia como a acalmar.
- Claro. Obrigada. - Agente Brady sorriu-lhe, tentando manter o seu ar profissional de sempre. Mas aquela história tinha-o tocado profundamente.
Caroline levantou-se, encarando ainda o corpo já coberto por um plástico azul, do seu namorado.
- Perdoa-me, David.
Rodopiou nos seus próprios pés e começou a caminhar até casa. Agora, teria de continuar a lutar para sobreviver, teria de continuar a levantar-se todas as manhãs.
Teria uma razão para o fazer. Iria fazê-lo pelo amor que nutria por David, iria fazê-lo para tornar a sua memória imortal. Conseguiria ser uma melhor pessoa.
Continuou o seu caminho, a passos curtos, em direcção á Lua. Lá, ele estaria á sua espera.
The End
Última edição por caroline; em Dom Set 12, 2010 9:38 pm, editado 1 vez(es)
caroline;- Mensagens : 27
Data de inscrição : 27/06/2010
Re: crime scene
Uma coisa que não percebi... Alex? o:
Presumo que querias escrever David certo? Bem, sendo isso ou não, eu associei assim!
A história está contada de uma forma arrepiante e por isso ficou LINDA, adorei :b
Parabéns c(:
Presumo que querias escrever David certo? Bem, sendo isso ou não, eu associei assim!
A história está contada de uma forma arrepiante e por isso ficou LINDA, adorei :b
Parabéns c(:
Catarina M.- Mensagens : 24
Data de inscrição : 09/08/2010
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